20071025

NIGRA THECA - (Caixa Negra)


- Estrangeiro, tu, aproxima-te. Consegues ver-me? Tu, estrangeiro é contigo que falo… porque me ignoras? Chega mais perto, vem e sente, tu, ó estrangeiro…

- Fixo-te, um ponto… os olhos pesam-me é de noite, é de noite não ouves? Sim é mesmo de noite. Vê como brilham os cristais com a luz da lua… é de noite, é de noite e tu não estas aqui.

Vozes, quem vem lá? Ouço vozes! Quem vem? Parrece aflito… que quererá… desespero, desesperado… o exílio… a morte…. O exílio… paz

Fixo-te, um ponto… negro… escuro… está gelado o teu coração. Encosta, encosta um pouco mais… sente o calor, o turbilhão… Gosto de ti? Então porque te quero matar?

Fixo-te, um ponto …. É o meu ponto, tudo até onde a vista alcança até aquele ponto me pertence, e tu pertences-me ou eu é que te pertenço a ti. Oh sinto-me fraco… vejo pontos… vejo… vejo… estavas linda… quando te vi naquela triste e alegre madrugada… quando te vi quis que fosses minha.

Fixo-te um ponto… é de noite… é de noite não vês? Onde se meteram todos?

Fixo-te um ponto… não… não é ela…. Não são pontos é ela que me fixa… ela…

Fixo-te um ponto… Fixo-te … ponto por ponto tudo no seu lugar … ponto por ponto tudo tem de brilhar… é o lustre? Eu sou ilustre… um ponto, um ponto, um ponto …

- Olha, já me vês?

- Eu vejo-te e tu vês-me a mim?



(Análise subjectiva à peça "Tchékhov e a Arte Menor" da companhia A escola da Noite)