20060707

SALVE REGINA



De negro, capa sobre os ombros aos teus pés me curvo, ergo os olhos para o teu pálido rosto e naquele momento que é só nosso o mundo revela-se. Nunca soube explicar, nunca saberei, e também não quero, mas sempre que estamos juntos o espaço transforma-se, o relógio pára e a tranquilidade invade-me.
Eu e tu frente a frente num diálogo mudo, numa cumplicidade de amantes, num profundo murmúrio: sobre mim, sobre ti, sobre o mundo, sobre tudo e sobre o nada.

São rosas Senhor, são rosas de suave perfume frescas, agrestes e batalhadoras. Quanta beleza há, quanta beleza contem uma planta que tão pouco à natureza pede… Deram-te o mundo, e tu o mundo quiseste devolver aos que nada possuem.

Oh, campos de Coimbra, serenas águas do Mondego erguei os vossos olhos, vede, e reflecti… aprendei um pouco com o exemplo da mais bela das rosas… que do alto do seu cume desce e a todos vos vem saudar… serenai-vos com a Clara e imaculada pele do seu rosto que a arte assim desenhou… aclamai o Carmo da vossa existência pois se abrires os olhos a vossa volta vereis o que a vossa cegueira muitas vezes não vos deixa ver…

SACTA REGINA ORA PRO NOBIS

2 comentários:

Anónimo disse...

Em mais um texto em que a sensiblidade do nosso escrtor se faz sentir através, desta vez, predominatemente do recusrso à sinestesia...é recuperada a realidade envolvente de um modo em que a sensibilidade do autor da pena que escreve se faz sentir- poeta de sentidos, diríamos - homenageando, assim, o seu universo envolvente , mola para a projecção de mais um texto em que - não pensem que é simples, apesar de tudo- a sensibilidade e as qualidades artísticas na expressão escrita e inspiração se fazem sentir.

Gonçalo disse...

Simplesmente Lindíssimo!